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Inspiration Lab

comparações

 
Vão ao ginásio cinco vezes por semana
Às sete já estão fora da cama
Pavoneiam os seus decotes
Dinheiro têm a potes
Maridos capa de revista,
Foi amor à primeira vista
Estão sempre de dieta
Vida sem chocolate, vida incompleta
Conduzem bombas a que chamam carros
Dizem não ao álcool, drogas e cigarros
São tudo o que eu queria ser
Mas teria de dar tudo o que tenho
Para poder viver
Um só dia como elas
Criaturas tão belas
Que por mim só têm desdenho

Eu vejo muito Netflix
De tão nervosa, tenho tiques
Passo os dias no sofá, deitada
A casa sempre desarrumada
Maior caos, só no meu coração
A vida é uma complicação
Chego sempre atrasada
Sou desorientada
Posso ter quilos a mais,
Mas não me detenho
Com conversas superficiais
Nem me entretenho
Com namorados virtuais
Mas pelo menos sou alguém,
Não devo nada a ninguém
Posso não ser excêntrica
Mas pelo menos sou autêntica
A gargalhada é em mim vasta
E, por enquanto, por agora,
No entanto, e sem demora
Digo que isso para mim basta

Que seja.

A minha mão na tua

Os sussurros deles

Caminhamos pela rua

Para seres mesquinhos

Como aqueles

Falarem do nosso amor

Como se estivessem sozinhos

Eu finjo que não ouço

Tu finges que não vês

Mas não posso

Ignorar o rubor

Da tua tez

Quando ouves o que o que dizem

O mal que falam

Oxalá que nunca enraízem

A discórdia entre nós.

Lanço olhares que os calam,

Por aqui e por além,

Querem ver-nos reduzidos

A pós,

A ninguém.

 

Tanto lutei contra

Essa gente conturbada

Que, de tão reles,

É pouco mais que nada

Para eles,

A vida é uma montra,

Que criticam ao passar

Se ao menos eles soubessem

O quanto podem magoar

Talvez parassem

Ou então

Talvez continuassem

Talvez seja esse o objetivo

Mas, queiram parar ou não,

Ficarei contigo.

 

Porque a vida é nossa

E não de quem dela fala

E ninguém em nós fará mossa

Quem somos ninguém abala

Por isso que continuem,

Se são felizes assim

Mas que saibam que não contribuem

Para te afastar de mim.

Se eles nos quiserem julgar

Sem o mínimo pudor

Se quiserem questionar

Quem os teus lábios beija

Então, meu amor,

Que seja.

As malas rolam

Pelo chão polido

Meus olhos choram

Como se outra existência

Nunca tivessem conhecido

Pergunto-me se será

Coincidência

Ou se é a vida, má,

Que gosta

De nos roubar

A nossa razão de existir

Em ti, tristeza posta

Porque é que tens de ir?

Prometes que em breve

Vais voltar,

Logo que no chão

Caia neve

E nem sonhas

O quanto o meu coração

Não sabe esperar

Para que junto a mim te ponhas

No ar uma canção

Uma harmonia

De despedida

Um canto de ansiedade

Para quem terá de viver

Cada dia

Sem a razão da sua vida

E de que vale correr

Se na meta não está felicidade?

 

Na garganta, um nó

Vais voar para longe

E eu, que nem monge,

Fico só

balas

Caminho pelo mundo.

De mim ninguém tem memória.

Não sou mais do que um segundo

Nessa universal vasta História.

Elas circulam em torno de mim,

Delas estou à mercê.

Dentro de cada, um animal ruim.

E parece que ninguém vê.

Dentro de cada, uma fera.

Animais ferozes.

Delas ninguém espera

Menos do que ataques sangrentos, atrozes.

Finjo que não vejo

O mal que me querem fazer.

Nego o seu desejo

De me verem sofrer.

Pois que elas só atacam

Quando são desmascaradas

E elas nunca perdoam,

Pois nunca foram perdoadas.

 

Mas seduzem-me com cada vaidade,

Cada uma é um ser fascinante.

Tirem-lhes a liberdade,

Mas mantenham-lhes no dedo o diamante.

Quanto mais as conheço, 

Mais medo tenho delas,

Mas não há maior apreço

Do que o meu por criaturas como aquelas.

Por muito que me possam magoar, 

Protegem-me da solidão.

São o meu luar,

Afastando a total escuridão.

 

As pessoas são balas

Que evito pelo caminho,

Mas prefiro encontrá-las

A ficar sozinho.

 

 

 

 

 

 

 

Luísa

"No fundo, todos temos necessidade de dizer quem somos e o que é que estamos a fazer e a necessidade de deixar algo feito, porque esta vida não é eterna e deixar coisas feitas pode ser uma forma de eternidade." - José Saramago

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