egoísmo
Julgo que só entendi
Tarde de mais
Que nunca vi
Para além dos meus ideais.
O trinco chia,
A chave roda.
Som que te afligia,
Mas que já não te incomoda.
Para o ar é atirado
O teu já conhecido
Rol de perdões esfarrapados
Que te dão por vencido.
É o trânsito infernal,
É o trabalho complicado,
É a vida que vai mal,
Que me faz passar por mau bocado.
Os meus lamentos sem respostas
Vão procurar por ti
Encontram-te de costas
Onde ainda hoje dormi.
Uma garrafa na mão,
Olhar vago posto,
Comprimidos pelo chão,
Lágrimas secas pelo rosto.
Prostrado,
Na nossa cama,
Como alguém com a vida frustrado,
Porque ninguém o ama.
Algo assim nunca vi,
Assim nunca te quis ver.
Corpo drenado de vida.
Cansaste da corrida
E deixaste-me aqui,
A sofrer.
Diz-me, fui eu que não te dei
Espaço para falar?
Onde estavas tu quando jurei
Para sempre te amar?
Algo assim nunca vi
Assim nunca me quis ver
Corpo drenado de vida
Deixei a minha corrida
E agora até ti
Quero morrer.
Ainda hoje penso:
De que vale amar alguém
Se quando eles partem nós vamos também?
Perdi o senso,
Mas fiquei.