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Inspiration Lab

Como lidar com a Saudade

Saudade. É uma palavra simultaneamente bela e aterradora e horrível. Dizem que é uma palavra que só existe no dicionário da Língua Portuguesa, mas o que eu gostava mesmo é que não tivesse de existir no dicionário de ninguém. É triste, mas a saudade existe e bate forte de quando em vez. Seja porque um familiar trabalha fora ou porque um amigo mora longe, é sempre muito complicado lidar com a saudade. Não é, no entanto, impossível e não temos que nos render a ela e deixar que ela nos consuma e monopolize o nosso tempo. Por isso, partilharei hoje convosco algumas dicas para lidar melhor com a saudade, não deixando que ela nos afete de maneira tão intensa e avassaladora.

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Eterna Criança.

Pergunto-me como tudo passou do presente para o antigamente assim, tão de repente. Pergunto-me como abri mão do sol que possuía, para correr para a perigosa escuridão. Como o abandonei, não sei. Só sei que nele já não me encontro. Só sei que já não estou nesse mundo que um dia me pertenceu. Esse mundo onde os sonhos eram ilimitados. Onde os medos eram facilmente ultrapassados. Onde as feridas eram curadas com beijos e abraços. Onde nos podíamos afastar de tudo o que nos magoava.
Límpidas gargalhadas. Infinitas correrias. Imortal felicidade. Castelos na areia até já não existir mais terreno para construir. Covas escavadas tão fundo que jurávamos ver o centro da Terra, lá bem ao longe. Longas viagens que nos embalavam. Ver o mundo do alto dos ombros de quem estava nos estava disposto a carregar. A felicidade do primeiro gelado degustado, que acabava por adornar tudo o que vestíamos. A emoção dos primeiros metros percorridos pedalando incessantemente, nem imaginando que já ninguém nos segurava. Histórias lidas nos colos mais quentinhos e confortáveis. Infindáveis noites sem dormir, fitando o monstro que jurávamos ver no armário. Abraços que não acabavam. Risadas que todos os males espantavam. Era assim.
Tempos de sonhos. Tempos de incomparável alegria. Tempos de bonança. Tempos de preparação para o que ainda não sabíamos que à nossa frente se atravessaria. Tempos de inocência. Tempos que não voltarão. Tempos que guardo bem guardados no mais seguro dos cofres, bem lá no fundo da minha existência. Memórias que me relembram a importância de ser feliz. De ser eu. De ser criança.
Pergunto-me, então, porque tanto desejava crescer. Agora cresci. E o que pensava ver, não vejo. O que queria fazer, não faço. Porque o que vejo não é que o que sempre quis ver. E o que pensava que podia, não posso sequer pensar em fazer. Tudo o que desejo é poder voltar atrás. Não para mudar o que quer que fosse, não. Mas para poder viver tudo outra vez. Para estar com quem já não estou. Para ser sem esforço quem todos os dias me esforço por ser. Para me reencontrar com quem aprendeu a sorrir. Para me reencontrar com quem aprendeu a amar. Ainda hoje incansavelmente persigo essa parte de mim que de mim insiste em fugir. Essa parte de mim que consigo levou a simplicidade de ser criança. Essa parte de mim que consigo levou a facilidade de viver. Viver era instintivamente fácil. E pode continuar a ser. Pretendo, então, ser eterna criança, para eternamente feliz viver.

Novo Eu

Eram os meus ossos jaulas que reduziam a mero desejo a minha feroz vontade de me libertar. Era a minha própria pele um colete de forças, que impedia a minha alma de dançar. Eram os meus lábios as pesadas portas do palácio da minha essência, que fechavam de cada vez que a verdade em mim estava pronta para cantar. Era traiçoeira a minha vivência que, de tão curta, não sabia como me aconselhar. Era eu tão confusa menina, em busca do que em quem julgava ser nunca iria encontrar. Era eu quem nunca fora mas quem nunca mais desejara ser. E estava na altura de escolher. Escolher entre quem era e quem, com muita esperança, vontade e uma boa dose de mentira podia vir a ser. Escolher entre quem nascera de quem vida à minha vida dera e entre a menina que dessa vida que se formara não tardara a nascer. Era a escolha entre o bonito e o verdadeiro. Era o ultrapassar dos limites que quem me rodeava impusera. Era o quebrar das jaulas. O libertar dos coletes de forças. O escancarar das há tanto seladas portas. Era eu.
Vim então a descobrir que não basta sermos quem nascemos para ser para sermos felizes. Que quanto mais conquistamos mais ambicionamos conquistar. Que fui feita para por mim lutar. Que o quebrar das correntes que há tanto me aprisionavam era só o início de algo que seria tão belo quanto belo eu o fizesse. Que eu podia chegar até onde eu quisesse.
Eu sei que a vida não é campo florido, que o passado jamais será esquecido, mas nunca é tarde para deixar que algo há muito adormecido torne a em nós despontar. Sei que é tolice darmo-nos por perdidos, só porque determinou o nosso destino que mais teríamos de lutar para que nos pudéssemos encontrar. Sei que é tolice sermos quem não somos, ir aonde nunca fomos, só porque quem não sabe quem somos de uma certa maneira nos quer ver ser. Sei que a vida que ainda hoje escrevo nunca será tal qual como a idealizei. Mas sei que sou a menina corajosa, sonhadora, incansável, esperançosa com que tanto sonhei. Sei que sou quem sei que sou.
E cá vou eu, mais um passo em direção ao desconhecido. Cá vou eu, procurando o meu sentido. Cá vou eu, a menina que tudo perdeu. Cá vou eu, em busca do meu novo eu.

distâncias

Sempre tão perto. Mas tão distante. Fiz de minha casa todo lado, mas lado nenhum. Fiz do teu coração meu abrigo, e lá me protejo nos dias de tempestade. Porque o que me falta em coragem, excedo na vontade. Vontade de te ter. Vontade de fugir. Vontade de todas as vontades em mim reunir. Não sou de ninguém. Não sei bem (de) quem sou. Só sei que sou mais do mundo do que a mim pertenço. Fui feita para voar. Feliz não sou se as minhas asas o vento pararem de cortar. Mas quem sou eu se junto a mim não te tiver? Quem sou eu se não partir? Quem sou eu se não ficar? Quem sou eu se não decidir se prefiro ser quem era ou ser quem me tornei depois de em ti o meu olhar pousar? Será que era mais eu antes de ti, ou só me tornei o eu que sou depois de parte de ti me tornar? Fosse justo que eu voasse, sabendo que por mim em terra esperarias, e ainda hoje rumo aos meus sonhos partiria. Mas como posso eu esperar que me vejas ir, sabendo que, ao para longe voar, procuro das escolhas fugir? Como posso eu esperar que me vejas da tua vista desaparecer, sabendo que, voando, te evito escolher? A indecisão ensinou-me que, por vezes, o silêncio é a melhor escolha e a distância é boa conselheira. Porque, nos confins de mim, longe de tudo e de todos, ouço o murmúrio da minha alma, da minha essência verdadeira. Difícil é, de qualquer maneira, compreender o que ela ao meu ouvido me diz, pois, nesta arte de ouvir quem sou, sou ainda aprendiz. Talvez um dia saiba como escolher entre o desejo do coração e o que o coração deseja. Talvez um dia saiba controlar toda esta raiva que sinto por o que tanto procuro não conseguir encontrar. Talvez um dia deixe tudo aquilo que, de início, me moveu e me console no regaço de quem novo alento à vida me deu. Talvez um dia escolha o que é impossível escolher, mas até esse dia, é o teu rosto que mais quero ver. E, talvez, entre tuas doces gargalhadas, venha a descobrir o quanto é possível viajar sem me desprender do teu olhar. Talvez um dia, como que por magia, venha a entender que, pela a noite ou pelo dia, mesmo que entre o impossível tenha que optar, é contigo que eu quero ficar.

Voos

Quando a ténue luz celeste pôs termo à escuridão, alegremente anunciando um novo dia, há indeterminado tempo com meus exaustos olhos o horizonte varria. Relembrando. Sofrendo. Silenciosamente chorando as lágrimas que já mais não posso libertar. Sentindo o vazio que dentro de mim tanto espaço ocupa. Esperando desta dor um dia me poder livrar. Sabendo que nunca ultrapassarei o momento em que deixei que partisses para de onde ninguém vivo volta. Controlando esta revolta por te terem feito acreditar que os que na linha da frente defendem as cores da sua tão amada nação têm no céu reservado um lugar. Tentando aceitar as sentidas condolências de quem não conhece tamanho sofrimento como o meu. Tentando compreender como o mundo continua a girar, agora que te perdeu.
Sempre soube, no entanto, que triste era o destino teu. Desde do dia em que decidiste que entrar no campo de batalha, armas em riste, ardente sede vingança, com nada mais senão a esperança, era o que tinhas sido feito para fazer. Digo-te, então, se é que ouvir me consegues, que não te criei para morrer.
Que raiva tenho por quem sou, por não ter conseguido calar teus apaixonados discursos sobre tudo o que te levou a até ao fim caminhar. Que desilusão que por mim sinto por não corrido atrás de ti, por não te ter feito parar. Porque esses escuros caracóis de vapor atrás dos quais de junto a mim desapareceste ainda me torturam, nos piores dos meus pesadelos. E os sentimentos que ainda em mim perduram pouco mais são que profunda e eterna tristeza e ressentimento. Porque me juntei eu ao coro dos que bradavam, pedindo aos céus por segurança para os que partiam, agarrando-me também eu à vã esperança que os moviam? Porque desisti eu de lutar por te ter aqui? Será egoísmo esta minha vontade de não abrir mão de ti? Porque tem de ser assim? Como posso eu ser forte quando essa impiedosa bandida a quem chamam morte te levou para bem longe de mim?
Talvez me agarre à mágoa por te ter perdido por ser tudo o que tenho. Ou talvez esteja destinada a ser para sempre uma pobre amargurada por os meus olhos já não encontrarem os teus. Talvez aprenda a viver com o que resta de quem sou, já que grande parte de mim para longe levaste. Talvez parta para longe, e voe até onde tu voaste.

Não vás com os outros

Hoje escrevo-vos acerca de algo, de um tipo de pessoa que sempre me incomodou solenemente: As Marias/Manéis que vão com os outros.

Há medida que cresço, noto que cada vez mais estabeleço as minhas opiniões e os meus princípios e considero isso uma parte não só bela como imensamente importante na minha formação como pessoa e no percurso da minha vida. É por isso que noto com grande pesar que nem todas as pessoas desenvolvem este sentido crítico, esta personalidade vincada tal como eu noto estar a desenvolver.

Se há pessoa que não suporto é aquela que aparenta ter uma ausência de personalidade, desejando tão ardentemente alcançar a aprovação do seu semelhante que acaba por galgar os muros (supostamente) impostos pelas suas opiniões, numa busca desenfreada pelo agrado de alguém que até pode nem significar assim tanto para eles. Aquela pessoa que baseia as suas crenças nas dos que a rodeiam.

Vou ser muito sincera, estas pessoas incomodam-me mais do que as que têm uma personalidade com a qual não me identifico ou, sendo mais clara, da qual não gosto. Pelo menos essas pessoas têm uma personalidade, por muito má que seja, e isso já vale pelo que vale.

Agora as pessoas que parecem negar a si próprias o direito de ter as suas próprias opiniões e de pensar pela própria cabeça, essas sim me revoltam! Por mais que tente, não consigo chegar a uma conclusão relativamente ao porquê de alguém desejar assim tão ardentemente o reconhecimento de alguém que estivesse disposto a ir contra tudo o que durante anos foi construído dentro de si. 

Por isso assim vos apelo, num post muito diferente do que os que costumo redigir, algo mais em modo Luísa revoltada, que nunca deixem que ninguém, quem quer que essa pessoa seja, tome as rédeas da vossa vida, pois uma vez que se deixarem ludibriar para um rumo que é o que alguém escolheu para a vossa vida e não o que vocês desejam tomar, é difícil regressar ao caminho que devíamos seguir.

 

Ser melhor.

A única certeza que temos nesta vida é o seu fim. Tudo o resto é uma incógnita, um mistério. Tudo o resto depende das nossas escolhas, das nossas decisões, das escolhas e das decisões de quem nos rodeia.
A nossa vida é o livro que ainda não escrevemos ou que ainda estamos a escrever. Que terá um fim é certo, mas todas as peripécias que se darão, todas as aventuras que as personagens viverão até à derradeira página são ainda desconhecidas. Sejamos, então, bons autores. Escrevamos uma boa história.
Não nos preocupemos, então, com o que é garantido. Com o que não conseguimos mudar. Concentremos o nosso foco em tudo o que podemos controlar. Nas escolhas que podemos fazer. Nas decisões que podemos tomar. Concentremo-nos em tornar mais agradável a nossa vida e a dos que nos rodeiam. Concentremo-nos em fazer melhor. Em ser melhor. E a nossa vida será melhor.

Reerguer.

Diziam-lhe que nada nesta vida ela iria conquistar. Que iria ser miserável enquanto existisse. Encorajavam-na a desistir do poucos sonhos que ainda tinha. Falavam dela como se fosse um caso perdido, como se não tivesse ainda tantas oportunidades para se reinventar. Declaravam a sua morte décadas antes de ela acontecer. Destinavam-lhe uma eternamente triste vida. E em tudo isto ela acreditava.
Acreditava porque a sua voz interior não era forte o suficiente para falar mais alto do que todas aquelas cruéis almas que tudo tentavam para a destruir. Acreditava porque não via a esperança diante de si. Porque não conseguia ver a luz ao fundo do seu longo e negro túnel. Porque a sua jornada parecia longa demais para a poder suportar. Porque não se achava forte o suficiente para carregar a pesada cruz que lhe parecia estar destinada.
E durante muito tempo, ela arrastou-se pela vida, contando os dias sem os fazer contar. Não conseguia ver as belas cores que pintam o mundo, pois os seus olhos baços tudo entristeciam. Não via os que lhe estendiam a mão, fixando-se unicamente nos que mal lhe queriam. Vivia envolvida nas trevas, numa noite sem fim, sem nunca ver o sol nascer. E assim ela se foi afundando, cumprindo as profecias que lhe tinham sido feitas, acreditando que nada podia fazer para evitar este negro caminho que lhe estava destinado.
Mas um dia, num raro momento de lucidez, ela compreendeu que o destino não é mais que uma desculpa usada por aqueles que não têm coragem para se erguer e enfrentar as batalhas que os aguardam. Por aqueles que tudo receiam. Por aqueles que não se julgam suficientemente fortes para mudar de vida, para mudar a sua vida. E, assim, ela decidiu tornar sua a sua história, retirando a sua vida das mãos das más almas que até então a comandavam. Concluiu que não estava perdida. Que ainda tinha muito que batalhar e muito que conquistar. Que, por muito tempo que levasse, por muito esforço que fosse necessário, um dia iria voltar a sorrir.
Não foi fácil, essa sua demanda. Porque quando se cai tão fundo como ela caiu, empurrada pelas mãos de todos os que a consideravam um caso perdido mas também (e principalmente) pelas suas, não é tão fácil quanto isso reerguer-se. Mas é possível. Tão possível que, para espanto não de todos, mas de muitos, ela conseguiu.
Viu o sol irromper no horizonte, iluminando as trevas que durante tanto tempo tinham dominado, aquecendo o seu coração e, pela primeira vez em tanto tempo que já nem se lembrava quanto, sorriu. Não um sorriso fraco, um sorriso falso estrategicamente elaborado para satisfazer aqueles que tudo dariam para a ver feliz, mas um sorriso genuíno, um sorriso verdadeiro que cura feridas, que une corações, que quebra barreiras e que move mundos.
Ela não tentou sequer vingar-se de todos aqueles que propositadamente tinham contribuído para a sua dolorosa queda. Porque ela sabia. Sabia que a melhor vingança era a silenciosa. Sabia que nada os destruiria mais do que verem o verdadeiro sorriso que agora lhe brilhava no rosto, ofuscando tudo o que de negro havia em seu redor. E então deixou que a sua felicidade falasse mais alto e fosse a voz da sua vingança. Deixou que a paz que irradiava atingisse dolorosamente cada um deles.
E então ela foi feliz. Puramente feliz. Não só porque finalmente tinha quem era de volta, mas porque sabia que tinha sido a única responsável por esta recuperação. Porque era a heroína da sua própria história. Essa inicialmente trágica história mas que, graças a si e só a si, teve um final feliz.

Luísa

"No fundo, todos temos necessidade de dizer quem somos e o que é que estamos a fazer e a necessidade de deixar algo feito, porque esta vida não é eterna e deixar coisas feitas pode ser uma forma de eternidade." - José Saramago

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