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Inspiration Lab

Chá

 Sempre quis ter a classe de quem se senta numa esplanada a desfrutar de uma fantástica infusão. Vivo rodeada de chaívoros (sabem que eu gosto de inventar palavras) e, por isso, não me consigo deixar de sentir deslocada de cada vez que há um encontro e, enquanto todos os outros se conversam enquanto bebem esse tal líquido dos deuses, eu finjo-me interessada na decoração das paredes. Há alimentos dos quais não gosto e também não tenho interesse nenhum em gostar, mas chá não é definitivamente um deles, porque sinto que gostar desta bebida que a mim me parece mais água suja me iria facilitar bastante a vida. Aliás, o facto de continuar a insistir é prova da minha boa vontade. Lá vou tentando de vez em quando ver se gosto, porque dizem que o gosto pelo chá vem com a idade, mas nunca fui bem sucedida nas minhas tentativas de me render a esta bebida. O que é mais irónico é que a minha bebida favorita é iced tea

Têm alguma sugestão para ajudar a curar a minha aparentemente irreversível aversão ao chá?

Corajosos os que vivem.

Corajosos não são só aqueles que saltam de penhascos, escalam montanhas ou se atiram de aviões. Corajosos são os que se atrevem a viver.
Corajosos os que amam independentemente de serem ou não amados. Corajosos os que não desistem de sonhar. Corajosos os que não perdem a fé na vida, apesar das partidas que esta lhes prega. Corajosos os que ousam viver o dia de hoje. Corajosos os que não permitem que o seu passado os torne amargos. Corajosos os que perdoam. Corajosos os que não receiam abandonar a vida de quem não lhes quer bem. Corajosos os que vêem cada dia como uma grande aventura. Corajosos os que não receiam perder. Corajosos os que são quem são, sem tentar ser quem desejam vê-los ser. Corajosos os que permitem que a sua alma vagueie sem destino. Corajosos os que viajam sem saírem do mesmo lugar. Corajosos os que vivem.

Tudo curamos.

Dizem que tudo o tempo cura, mas eu discordo. Tudo nós curamos. O tempo limita-se a dar-nos as armas de que necessitamos para travar as nossas batalhas e vencê-las. O tempo dá-nos sabedoria. Dá-nos experiência. O tempo dá-nos vontade de reavermos partes de nós que foram danificadas pelas partidas que tantas vezes a vida nos prega. Mas não faz milagres.
E mesmo com essas poderosas armas que com o tempo vamos ganhando, nada está garantido. Porque a vida é feita de escolhas. E podemos optar por deixar que a dor nos consuma, que o sangrar das nossas feridas nos encaminhe para uma dolorosa e lenta morte. Ou podemos decidir escolher o caminho mais difícil, mais arriscado, mas aquele que nos pode levar a sentir vivos outra vez. Aquele que nos retira da simples sobrevivência e nos traz de volta à vida. Um caminho de batalhas, de diárias lutas. O caminho de quem não se conforma com as suas infelicidades e quer mais para a sua vida. O caminho de quem mais deseja do que viver afogado na sua dor.
Não podemos, então, colocar tudo nas mãos do tempo, porque se o fizermos nada verdadeiramente acontecerá. É desfavorável para um guerreiro iniciar as suas lutas quando já se encontra ferido, mas é necessário acreditarmos em nós. Na nossa força de vontade. Na nossa vontade de reavermos quem éramos. Porque o tempo ajuda, mas a batalha é nossa. E somos bem mais fortes do que julgamos.

Dinheiro

 Se um estudo fosse feito, em que se perguntasse a várias pessoas o que move o mundo, não tenho dúvidas que a resposta seria unânime, ou quase: O dinheiro.

 E como o dinheiro move o mundo e as pessoas não querem ficar para trás, trabalham. E trabalhar é bom e saudável e faz bem, quando não em excesso. Quando gostamos do que fazemos. Quando não olhamos para o relógio de 5 em 5 minutos. Quando conseguimos pôr um travão quando entendemos que é demais. (Já para não falar que trabalhar é necessário para a esmagadora maioria das pessoas, por razões óbvias).

 E então as pessoas trabalham, para obter o tal bem precioso que move o mundo, que faz com que as coisas rolem. E acham assim que, por terem uma vida desafogada, estão bem mais próximos de privar com uma senhora que se dá pelo nome de Felicidade. E é por isso que muitos, muito depois de já terem o suficiente para viver bem, continuam a trabalhar incansavelmente. Não por paixão. Não por gosto. Não por dedicação. Porque sim. Por sede de poder, de controlo. Isto para não mencionar quem é viciado na busca por dinheiro e poder mas não recorre ao trabalho honesto para os obter. Alguém me explica como é que uma pessoa pode viver feliz assim? É que eu não sei.

 E o pior é que muitas destas pessoas, no meio da sua busca por algo que, se for realmente analisado não importa assim tanto na imensidão da sua dimensão pessoal, que as pessoas se perdem. A si e aos seus, obviamente.

 Mas felizmente há cada vez mais pessoas a aperceberem-se desta incansável roda de hamster em que vivem e a abrandar. Se têm essa possibilidade, a parar até.

 E quando alguém toma esse tipo de atitude,de libertação desta dependência do dinheiro, vai à procura de si mesmo. Ou vai tentar recuperar a parte de si que perdeu enquanto ainda estava cego, ou vai encontrar-se com uma dimensão da sua pessoa que ainda não conhecia.

 E estou crente de que, se quando uma pessoa vive no vício do trabalho unicamente para receber o seu retorno monetário pensando que isso vai melhorar a sua vida, está à procura do que move o mundo de momento. Então, as pessoas que se libertam verdadeiramente e lembram-se de viver e de descobrir o melhor que a vida tem para oferecer estão à procura do que devia mover o mundo.

 E é por isso que espero que, se este estudo inventado voltar a ser realizado daqui a umas décadas, a resposta à mesma pergunta seja: Somos nós. São os nossos sonhos. 

 Queixamo-nos que as coisas a acontecer pelos 4 cantos do mundo são "desumanas". De que estamos à espera quando neste momento não são humanos a governar o mundo?

 

 

A Menina Dos Teus Olhos

Dizem que era a menina dos teus olhos. Por pouco tempo o fui. Ou será que, onde quer que estejas, ainda o sou? Ao fitar o teu olhar vazio, parece difícil imaginar que já brilhou por alguém. Parece impossível acreditar que já viveste. Que já tiveste dificuldades. Medos. Preocupações. Porque em ti outro olhar que não fosse o vazio nunca conheci. Um corpo cuja alma fugiu para parte incerta.
Nunca quis obrigar-te a ficar. Mas deixar-te partir é um longo e difícil processo que duvido algum dia ter fim. Porque onde muitos apenas viam um olhar vazio, uma presença acessória, eu via alguém que alguém já tinha sido. Alguém que certamente tudo daria para ser mais do que um olhar vazio. E ver o sol a nascer e saber que nascia. E ver-me a crescer e saber que crescia. Porque a assoladora saudade que prefiro tentar esquecer não é do que eras, mas do que foste. Esse ser que nunca conheci mas tudo daria para ter conhecido.
Impossível saber e gostar de quem eras? Duvido. Dizem que os olhos são a janela para a alma. E mesmo vazios, os teus eram. A janela para a alma que tão cruelmente te tinha abandonado, mas que deixou ficar alguns vestígios dentro de ti. A alma brincalhona, a alma apaixonada. A alma cativante que todos encantava. A alma que possivelmente se lembrava que eu era alguém, por muito que não soubesse quem.
E isso era suficiente, sempre foi. A vida não é justa, nunca foi. Perguntei-me muitas vezes porquê. Porquê tu. O que fizeste para merecer tão maldita sorte? Que mal fizeste tu para que te tenham retirado a possibilidade de viver, mas mantendo-te a respirar? Que atrocidade tão desumana cometeste tu para mereceres esta sorte? Afinal o que é isto, precoce morte?
Espero que agora a tua alma tenhas encontrado. Espero que tenhas encontrado todos os que tão cruelmente te foram retirados. E que zeles. Que zeles por todos os tempos em que não pudeste zelar. Por todos aqueles tempos em que pela vida te limitaste a arrastar. Porque não te deram outra opção. Não te deixaram ver quem querias ver brilhar.
E seria com orgulho que para mim olharias? Ou com vontade de algo em mim modificar?
Porque por muito que por metade, o que podias ser para mim sempre foi suficiente. Sempre chegou. Porque mesmo assim, ainda eras gente. Gente que um dia viveu. Gente que um dia amou. Gente que pelos caminhos da vida andou. Gente que muitas batalhas travou.
Porque tudo nesta vida eu daria, se por um só dia pudesse voltar a ser a menina dos teus olhos. E já nem pedia que fossem os olhos que me viram nascer. Porque para mim sempre foi suficiente ser a menina dos teus olhos meio-vazios, que tudo viam sem nada realmente ver.

Mensagens Correntes

Hoje falo-vos de uma coisa que me irrita. Muito. Mesmo imensamente imenso. Mensagens correntes. Curiosos em saber o que penso delas mais pormenorizadamente? Não querem saber mas também não têm mais nada que fazer? Expandam o post para descobrir a minha opinião.

 

Ler Mais )

 

Antes e depois de nós.

Durante tanto tempo que nem sei ao certo quanto, arrastei-me pela minha vida, aguardando pacientemente pelo momento em que o meu coração se reparasse. Ingenuamente acreditando que a cura para os meus males surgiria com o tempo. Foi nos dias em que a escuridão me engolia, em que a solidão me consumia, que entendi que podia aguardar eternamente. Podia aguardar eternamente que, se nada fizesse, nada em mim mudaria. Porque quem ainda me mantinha acordada, quem secretamente desejava que me salvasse, tinha viajado para bem longe de mim, procurando cura para os ferimentos que também eu lhe provocara, fugindo da dor que, sem intenção, eu própria lhe infligira. Porque nada nem ninguém me iria ajudar. Porque todos pareciam alheios ao meu sofrimento. E eu era tudo o que eu tinha. Demorou, mas pude finalmente entender que a minha presença, a minha fé, a minha força, o meu eu era tudo o que eu necessitava também.
Tudo começou com coisas efémeras, mas não de todo insignificantes para este longo e penoso processo. Coisas que passariam despercebidas a muitos, coisas que passaram despercebidas a todos. Mas não a mim. Tudo começou com um olhar ao espelho, arriscada coisa que há eternidades não fazia. Um enfrentar do meu reflexo. Um reconhecimento de quem via à minha frente, mas que não desejava mais ver. Porque quem me fitava era uma fiel cópia de mim mesma. Uma gémea. Mas não era eu. O que à minha frente se encontrava era um corpo cuja alma andava perdida. Uma alma que se parecia ter esquecido que possuía um corpo. Tudo começou com a decisão que não queria ser quem de momento era e com a aceitação que não podia voltar a ser quem outrora tinha sido. Porque ser quem fui era impossível. Porque a dor, o sofrimento altera qualquer essência. Mas lá por estarmos partidos, lá por nos sentirmos perdidos, não quer dizer que sejamos menos merecedores do futuro que diante nós se estende. Não quer dizer que já não tenhamos direito à vida. Não quer dizer que estejamos condenados. Porque o que nos condena é, sim, a desistência. É conformarmo-nos com a tristeza e não exigir nada de mais para quem somos. O que nos condena é envolvermo-nos de tal forma na nossa relação com outros que nos esquecemos completamente da relação que temos connosco mesmos.
E todos os dias são hoje uma batalha. Uma batalha que nunca pedi mas que me foi atribuída. Dizem que as batalhas mais difíceis de travar são atribuídas aos mais fortes guerreiros. Será verdade? Gosto de pensar que sim. Porque, apesar de tudo, o irrevogável facto é que ainda aqui me encontro, depois de me ter defrontado com provas que antes me pareciam impossíveis. Batalho então para que um dia possa olhar para o meu reflexo e reconhecer-me na imagem que à minha frente se encontra. Batalho diariamente, tentando-me tornar em quem quero ser. Tentando personificar os sonhos da menina que era antes de tudo acontecer. Antes dos passados acontecimentos que nunca pedi para viver. Antes de ti. Antes de mim. Antes de nós.

Luísa

"No fundo, todos temos necessidade de dizer quem somos e o que é que estamos a fazer e a necessidade de deixar algo feito, porque esta vida não é eterna e deixar coisas feitas pode ser uma forma de eternidade." - José Saramago

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