Adeus.
O que mais custa não é o último adeus. O último beijo. O último abraço. O último olhar antes do derradeiro virar de costas. Não. No que toca a despedidas definitivas, o que muitas vezes mais custa é o que nunca pensámos que mais iria custar.
O mais difícil é, sim, o aprender a viver apenas meio vivo. É prosseguir a caminhada sem parte da nossa essência, sem parte de nós. É refazer hábitos e rotinas para tentar eliminar inquilinos indesejados do nosso pensamento. É resistir à tentação de esquecer tudo o que nos fez dizer adeus e regressar para quem tanto nos magoou.
Mais difícil do que tudo o resto é, sem sombra de dúvida, ter a coragem de dizer adeus quando o devemos fazer, mesmo sabendo de todas as dificuldades que teremos de ultrapassar, todo o sofrimento que teremos de experienciar. É saber cuidar de quem somos. É saber o quanto valemos. É saber que somos demais para alguém que em nós não vê nada de mais. É saber quando chega a hora de dizer adeus. E é saber aproveitá-la para fazer o que tem de ser feito.